ETERNA YERUSHALAYIM

Shema Israel Adonai Eloheinu Adonai Echad
Deut.6:4

FINALIDADE DESTE BLOG

"Este Blog tem como objetivo leva-lo ao conhecimento e exame da VERDADE"


Se você é sincero e ama a Verdade, ouça a Sua voz te chamando...

Permanecer apenas na Bíblia muitas vezes é
uma tarefa árdua.

Após dois mil anos de influência da teologia católica romana,
libertarmos de conceitos que não são bíblicos e tarefa necessária para vivermos a plenitude das Escrituras.


Nosso grupo busca a fé original, removendo as
influências humanas externas aos textos sagrados, procurando estabelecer a conexão com a pureza e a simplicidade que a Bíblia nos ensina. Entendemos que ao estudarmos as Escrituras a partir do hebraico e aramaico compreendemos a visão original. Não aceitamos também “lei oral” “tradições humanas” techeit namusa – תחית נמוסא – legalismo peso
de tradições obrigatórias).


Nesta
jornada a Torah é nossa Lei e os profetas nossos guias






O Shabat e as Solenidades Bíblicas





Por Sha'ul Bentsion

Este material objetiva esclarecer a diferença entre o Shabat e as solenidades bíblicas, muitas vezes classificadas erroneamente como “Shabat” - realidade essa que não se aplica a todas as datas. 
No título, optou-se por usar o termo “solenidades” ao invés de festas, uma vez que nem toda solenidade é uma festa. Os dias de Yom Teruá (Dia do Brado) e Yom HaKipurim (Dia das Expiações), por exemplo, são solenidades, mas não são festas. 
A idéia é compreender o que o Eterno determinou para suas solenidades em termos de abstinência do trabalho, e como isso se compara com o Shabat.

Entendendo o Shabat
Para compreender a diferença entre o Shabat e um Moed (tempo apontado), é importante primeiramente entender o que é proibido no Shabat. Partindo desse ponto, ficará mais clara a diferença entre os dois. 
Não será parte do escopo deste material uma análise mais aprofundada sobre o tema do trabalho no Shabat. A abordagem será superficial, porque o foco é o contraste com as demais datas apontadas pelo Eterno.
A proibição no Shabat afirma:
“Seis dias trabalharás [ta’avod], e farás toda a tua obra [melachatecha]. Mas o sétimo dia é o Shabat de YHWH teu Elohim; não farás [ta’asse] nenhuma obra [melachá], nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez  [assá] YHWH os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia cessou; portanto abençoou YHWH o dia de Shabat, e o santificou.” (Shemot/Êxodo 20:10)
O termo geral para obra aqui é melachá, e ele é definido nesse trecho por duas raízes diferentes:  avad (עבד) e assá (עשה). É importante definí-las aqui:

Avad
A raiz “avad” significa literalmente serviço, isto é, o trabalhar para alguém, ou para o próprio sustento. É esse o contexto em que aparece em toda a Bíblia. Abaixo alguns exemplos:
“YHWH Elohim, pois, o lançou fora do jardim do Eden, para lavrar [la’avod] a terra de que fora tomado.” (Bereshit/Gênesis 3:23)
“E deu à luz mais a seu irmão Havel; e Havel foi pastor de ovelhas, e Cayin foi lavrador [oved] da terra.” (Bereshit/Gênesis 4:2)
“E os egípcios faziam servir [vaya’avidu] os filhos de Israel com dureza;” (Shemot/Êxodo 1:15)
“Se ele puder pelejar comigo, e me ferir, a vós seremos por servos [la’avadim]; porém, se eu o vencer, e o ferir, então a nós sereis por servos [avadim], e nos servireis. [va’avadetem]” (Sh’muel Alef/1 Samuel 17:9)
Portanto, a proibição quanto a “avodá” significa que no Shabat é ilícito servir alguém ou trabalhar para o próprio sustento. Semelhantemente, é proibido nos utilizarmos do serviço de outrem. 

Assá
“E havendo Elohim acabado no dia sexto a obra que fizera [assá], descansou no sétimo dia de toda a sua obra, que tinha feito.” (Bereshit/Gênesis 2:2)
O segundo termo é a raiz “assá” (עשה), que é usado para se referir ao que o Eterno cessou de fazer. Esse termo, no sentido em que foi empregado em Bereshit (Gênesis) e na sua repetição em Shemot, significa “formar, a partir de algo”. Pode-se observar esse uso abaixo:
“Não farás [ta’asse] para ti imagem de escultura...” (Shemot/Êxodo 20:4)
“Para elaborar projetos, e trabalhar [la’assot] em ouro, em prata, e em cobre, e em lapidar pedras para engastar, e em entalhes de madeira, para trabalhar [la’assot] em todo o lavor. [melachá]” (Shemot/Êxodo 31:4-5)
Portanto, a segunda proibição diz respeito a uma atividade secular criativa (o que inclui a partir de algum material, como é típico nas artes, por exemplo. Não é lícito no Shabat, portanto, a prática de atividades profissionais ou hobbies que envolvam esse tipo de criação.
O “formar, a partir de algo” parece também englobar o preparo de alimentos, tal como especificam as Escrituras:
“Mandou então David à casa, a Tamar, dizendo: Vai à casa de Am’nom, teu irmão, e faze-lhe [va’assi lo] alguma comida.” (Sh’muel Beit/2 Samuel 13:7)

Uma Proibição Adicional
Além dessas, as seguintes duas proibições se somam a essa:
“Não acendereis fogo [teva’aru eish] em nenhuma das vossas moradas no dia de Shabat.” (Shemot/Êxodo 35:3)
A raiz ba’ar (בער) pode significar acender, queimar ou manter aceso. Existe muita controvérsia sobre o significado nesta passagem, e considerando que o texto original não possuía vocalização, é possível lê-lo significando “acender” ou “manter aceso.” 
Esta controvérsia não será tratada neste material, mas por enquanto é suficiente dizer que, para evitar uma transgressão, não convém acender velas antes do Shabat ou manter qualquer tipo de fogo aceso para uso no Shabat. Porém, este tema será abordado em outro estudo. 
“E ele disse-lhes: Isto é o que YHWH tem dito: Amanhã é repouso [shabaton], o santo Shabat de  YHWH; o que quiserdes assar [tofu], assai-o [efu], e o que quiserdes cozer [tevashlu], cozei-o [bashelu]; e tudo o que sobejar, guardai para vós até amanhã.” (Shemot/Êxodo 16:23)
Aqui os verbos usados são derivados das raízes afá (אגה) e bashal (בשל), que significam assar em fogo e cozinhar em líquido, respectivamente. Novamente, por uma questão de brevidade, não serão aprofundados esses significados. 
Nos é suficiente, por hora, entender que tanto a proibição do fogo quanto a proibição associada a “assá” levam a uma consequente abstenção de atividade culinária no Shabat.
Observe ainda que o não cozinhar aparece também possivelmente associado ao fato da data ser um Shabaton, que significa “repouso” ou “cessação.” 

O Carregar Peso
A princípio, a passagem abaixo parece identificar uma outra proibição. Porém, quando analisada mais de perto, percebe-se ser um desdobramento de avad, isto é, do serviço: 
“Assim diz YHWH: Guardai as vossas almas, e não carregueis [nassá] cargas [massá] no dia de Shabat, nem as introduzais pelas portas de Yerushalayim.” (Yirmiyahu/Jeremias 17:21)
O carregar peso, na realidade, é um sub-tipo de avad, conforme pode ser visto abaixo: 
“Eis os encargos [avodat] que darás à família dos gersonitas, coisas para fazer [la’avod] e cargas para levar [ulemassá].” (Bamidbar/Números 4:24)
Novamente, o objetivo não será adentrar muito a fundo na questão, mas é importante indicar que o carregar peso não se refere ao portar um objeto, e sim ao serviço de carga, quer do animal, quer do ser humano, visto que ambos descansam no Shabat. 

O Dia de Cessar
Não à toa a raiz do termo Shabat (שבת) significa “cessar”, pois o Shabat é o dia em que se cessa de realizar atividades seculares. 
Esse também é o significado de alguns termos derivativos, em especial do termo Shabaton (שבתון), que será visto mais adiante.

Análise das Solenidades
Agora, é importante observar como as Escrituras se referem às Solenidades Bíblicas, especialmente em Vayicrá (Levítico) 23, que é a principal fonte de informação a respeito das mesmas

Shabat
“Trabalhareis [te’asse] seis dias, mas no sétimo dia é Shabat de repouso [shabaton], haverá uma santa convocação [micrá kodesh]. Nele não fareis [ta’assu] trabalho [melachá] algum. É Shabat consagrado a YHWH, em todos os lugares em que habitardes." (Vayicrá/Levítico 23:3)
Observe que são dadas duas características aqui sobre o Shabat: 
É um Shabaton (cessação).
Nenhum tipo de obra (melachá) é permitido.
É um dia de santa convocação (micrá kodesh), ou seja, é um dia em que as pessoas devem se reunir para buscar a Elohim. 
Agora, observemos quais das demais solenidades de Elohim são equivalentes ao Shabat, e/ou em quê diferem: 

Primeiro/Último dia de Chag HaMatsot
A Torá diz o seguinte sobre o primeiro e último dias de Chag HaMatsot (Festa dos Pães Ázimos):
“E ao primeiro dia haverá santa convocação [micrá kodesh]; também ao sétimo dia tereis santa convocação [micrá kodesh]; nenhuma obra [melachá] se fará neles, senão o que cada alma houver de comer; isso somente aprontareis para vós.” (Shemot/Êxodo 12:16)
“Tereis no primeiro dia uma santa convocação [micrá kodesh], e não fareis nenhum trabalho servil [mechelet avodá]. Durante sete dias oferecereis a YHWH sacrifícios pelo fogo. No sétimo dia haverá uma santa convocação [micrá kodesh] assembléia; e não fareis trabalho algum servil [mechelet avodá].” (Vayicrá/Levítico 23:7-8)
Observe o que a Torá diz sobre esses dois dias:
Nada é dito de forma direta sobre serem de Shabaton (repouso/cessação). Porém, toda obra (melachá) é proibida, exceto o cozinhar. 
São dias de santa convocação (micrá kodesh), ou seja, dias em que as pessoas devem se reunir para buscar a Elohim. 
Shavu’ot
Sobre Shavu’ot, a Torá diz o seguinte: 
“E naquele mesmo dia apregoareis que tereis santa convocação [micrá kodesh]; nenhum trabalho servil [mechelet avodá] fareis; estatuto perpétuo é em todas as vossas habitações pelas vossas gerações.” (Vayicrá/Levítico 23:21)
Observa-se o seguinte sobre Shavu’ot:
Não é chamado de Shabaton (repouso/cessação).
Obra servil/de sustento [mechelet avodá] é proibida. 
É um dia de micrá kodesh (santa convocação).

Yom Teruá
Sobre Yom Teruá, há duas passagens relevantes:
“Fala aos filhos de Israel, dizendo: No mês sétimo, ao primeiro do mês, tereis descanso [shabaton], memorial com sonido de trombetas, santa convocação [micrá kodesh]. Nenhum trabalho servil [mechelet avodá] fareis, mas oferecereis oferta queimada a YHWH.” (Vayicrá/Levítico 23:24-25)
Observa-se o seguinte sobre Yom Teruá:
É chamado de Shabaton (repouso/cessação).
Obra servil/de sustento [mechelet avodá] é proibida.
É um dia de micrá kodesh (santa convocação).

Yom HaKipurim
Sobre Yom HaKipurim (o Dia das Expiações) é dito:
“Mas aos dez dias desse sétimo mês será o dia das expiações; tereis santa convocação [micrá kodesh], e afligireis as vossas almas; e oferecereis oferta queimada a YHWH. E naquele mesmo dia nenhum trabalho [melachá] fareis, porque é o dia da expiação, para fazer expiação por vós perante YHWH vosso Elohim... Shabat de descanso [shabaton] vos será; então afligireis as vossas almas; aos nove do mês à tarde, de uma tarde a outra tarde, celebrareis o vosso Shabat.” (Vayicrá/Levítico 23:27-28)
Observa-se o seguinte sobre Yom HaKipurim: 
É chamado não apenas de Shabaton (repouso/cessação), como é nomeado literalmente como Shabat. 
Toda obra [kol melachá] é proibida.
É um dia de micrá kodesh (santa convocação).

Sukot/Shemini Atseret
Sobre esses dias, a Torá diz:
“Ao primeiro dia haverá santa convocação [micrá kodesh]; nenhum trabalho servil [mechelet avodá] fareis. Sete dias oferecereis ofertas queimadas a YHWH; ao oitavo dia tereis santa convocação [micrá kodesh], e oferecereis ofertas queimadas a YHWH; dia de proibição é, nenhum trabalho servil [mechelet avodá] fareis.” (Vayicrá/Levítico 23:35-36)
“Porém aos quinze dias do mês sétimo, quando tiverdes recolhido do fruto da terra, celebrareis a festa de YHWH por sete dias; no primeiro dia haverá descanso [shabaton], e no oitavo dia haverá descanso [shabaton].” (Vayicrá/Levítico 23:39)
Observa-se o seguinte a respeito de Sukot (primeiro dia) e Shemini Atseret (oitavo dia):
São chamados de Shabaton (repouso/cessação)
Toda obra servil (mechelet avodá) é proibida.
São dias de micrá kodesh (santa convocação).

Diferenciando Shabat de Shabaton
Embora tanto Shabat quanto Shabaton tenham a mesma raiz, que significa “cessar”, a própria Torá parece fazer uma clara distinção entre dias que são Shabaton (cessação) e Shabat Shabaton (cessação de cessação).
A dupla-ênfase do Shabat Shabaton parece se referir a uma cessação total. Já Shabaton parece ser associado a uma cessação parcial. A repetição de termos semelhantes para maior ênfase é uma característica bastante comum no hebraico.
Isso se confirma com o fato de que quando se usa Shabat Shabaton, a proibição é quanto a “kol melachá”, isto é, quanto a todo tipo de obra. 
Quando, todavia, a referência é a um Shabaton, a proibição é quanto a “mechelet avodá”, isto é, quanto a obras servis/de sustento.

Diferenciando Mechelet Avodá e Kol Melachá
O próximo passo a ser verificado é a diferenciação, na prática de mechelet avodá (obra servil/de sustento) para kol melachá (toda obra).
A própria Torá se encarrega de providenciar a diferenciação. Observe que a Torá dá duas definições para o primeiro e último dias de Chag HaMatsot (Festa de Pães Ázimos): 
Em Shemot (Êxodo) 12, a definição é a de que toda obra (kol melachá) é proibida, exceto pelo cozinhar. Já em Vayicrá (Levítico) 23, é dito que toda obra servil/de sustento (mechelet avodá) é proibida.
Ou seja, a principal diferença entre um dia em que nenhuma obra era feita e um dia em que nenhuma obra servil deveria ser feita estava em atividades domésticas ligadas especialmente ao preparo de refeições. 
Isso faz todo o sentido se for considerado o aspecto histórico. As atividades das pessoas naquela época eram essencialmente divididas entre atividades domésticas e de sustento. A principal preocupação das mulheres na véspera de um Shabat era o prover de alimentos para o dia seguinte. Porém, isso não é exatamente uma obra servil, visto que não está ligada ao sustento ou à profissão. 
Para solenidades consideradas Shabat Shabaton (cessação de cessação, a saber, o sétimo dia da semana e o dia das expiações, o cozinhar era atividade proibida. Por isso, afirma-se a proibição de “kol melachá” (toda obra). Já em dias unicamente de Shabaton (cessação), a proibição seria de “mechelet avodá” (obra servil), o que não incluiria o preparo de alimentos. 

Conclusão
As solenidades de Shabat e Yom HaKipurim (Dia das Expiações) pressupõem uma cessação absoluta de todo tipo de obra (kol melachá) e portanto não se deve cozinhar ou acender fogo. 
As demais solenidades, 1º e 7º dias de Chag HaMatsot (Pães Ázimos), Chag Shavu’ot (Festa das Semanas), 1º e 8º dias de Sukot/Shemini Atseret (Tabernáculos/Assembléia do Oitavo dia), são solenidades onde o cozinhar e/ou acender fogo são permitidos.
Além disso, todas as solenidades são dias de Micrá Kodesh (santa convocação), e portanto dias em que as pessoas devem se reunir a outras para juntas se colocarem na presença de Elohim.

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